Rio

No prédio do Hotel Novo Mundo, saem os hóspedes, entram estudantes

Prédio vai abrigar moradias compartilhadas e espaços de convivência modernos
Memória. Conversão do prédio do Novo Mundo em moradia estudantil para locação vai preservar a história do hotel Foto: Gabriel de Paiva / Agência O GLOBO
Memória. Conversão do prédio do Novo Mundo em moradia estudantil para locação vai preservar a história do hotel Foto: Gabriel de Paiva / Agência O GLOBO

RIO — Ícone da Praia do Flamengo, o prédio do Hotel Novo Mundo, que fechou as portas em março, vai voltar à ativa no primeiro semestre de 2020, renovado e com uma clientela diferente: estudantes. Será a primeira unidade no Rio da paulistana Uliving, especializada em hospedagem estudantil, como antecipou o colunista do GLOBO Lauro Jardim . Com 230 quartos, o edifício de 1950 será reformado para receber até 400 estudantes num projeto de habitação compartilhada, com apartamentos mobiliados, espaços de convivência e serviços.

A Uliving — que tem cinco unidades, sendo três na capital paulista, uma em Ribeirão Preto e outra em Sorocaba — trabalha para transformar o uso do prédio, mas preservando as características arquitetônicas.

— O Rio sempre foi uma praça estratégica para a Uliving pela oportunidade de negócio: estudantes e intercambistas do mundo todo visitam a cidade. Acreditamos no futuro da cidade, na sua beleza natural, urbana, características culturais únicas e na importância das instituições acadêmicas. Estamos desenvolvendo um projeto exclusivo, que manterá toda a identidade arquitetônica do hotel, rejuvenescendo sua ocupação — explicou Juliano Antunes, diretor executivo da Uliving.

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Criada em 2012, a empresa é voltada para a locação de moradia estudantil. Essa espécie de versão contemporânea das antigas repúblicas traz unidades individuais ou compartilhadas, mobiliadas, equipadas com facilidades como frigobar e micro-ondas, além de conexão sem fio com a internet de alta velocidade. O prédio conta ainda com espaços de convivência, de estudos e lavanderia.

— O Rio é uma cidade repleta de instituições de ensino reconhecidas mundialmente. Desta forma, acreditamos que a Uliving também é uma oportunidade para aquecer a economia local: queremos atrair mais estudantes e jovens profissionais para a cidade, além de gerar empregos — destaca Antunes.

Ricardo Mader, diretor da JLL Hotels & Hospitality Group, consultoria especializada em imóveis no segmento de hotelaria, afirma que o segmento de moradia estudantil já está consolidada em diversos países:

— Este conceito de moradia estudantil compartilhada já é consolidado no exterior. São projetos residenciais formatados para receber estudantes, com estrutura adequada, regras de funcionamento, além do foco em promover interatividade social. É produto que veio para ficar, vai mexer no mercado imobiliário e trazer dinamismo à região onde estiver diretamente instalado.

Quartos por até R$2,3 mil

A expansão da Uliving ganhou fôlego com a entrada da gestora de recursos VBI Real Estate no negócio, no início de 2018. Naquele momento, eles anunciaram previsão de investir R$ 500 milhões em projetos de habitação para estudantes em três anos. Até julho de 2020, além do Rio, virão mais dois empreendimentos em São Paulo. Em breve, diz Antunes, o grupo estará em outras capitais do Sudeste.

A escolha pelo Novo Mundo, que terá sua memória preservada em um espaço dentro do Uliving Rio, tem a ver com a localização do prédio, com amplo acesso a transporte e serviços. Para assinar um contrato, é preciso ter comprovante de matrícula em cursos que vão do pré-vestibular à pós-graduação. O pagamento mensal por locação, por pessoa, vai de R$ 900 a R$ 2.300.

Alfredo Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio (ABIH-RJ), a venda do Novo Mundo é natural:

— Novos polos hoteleiros surgiram. E a oferta de quartos também saltou com Copa do Mundo e Olimpíada. Com os empreendimentos mais novos, os antigos precisaram se modernizar, e a reforma é muito custosa, sobretudo na crise. É movimento de renovação.