• Mariana Fonseca
Atualizado em
Projeto do Uliving Paulista (Foto: Uliving/Divulgação)

Projeto do Uliving Paulista (Foto: Uliving/Divulgação)

O antigo hábito de dividir custos morando em pensões ou repúblicas ganhou ares de século 21 graças a um banho de tecnologia das startups: o nome agora é coliving, ou moradia compartilhada. A tendência já aparece em metrópoles brasileiras como Rio de Janeiro e São Paulo graças a startups como a Uliving -- que teve de se adaptar nos tempos de pandemia e já está investindo para aproveitar a retomada do mercado imobiliário.

Fundada pelos sócios Celso Martineli e Juliano Antunes em 2012, a Uliving administra edifícios de hospedagem estudantil. Enquanto Antunes trabalhou no mercado imobiliário, Martineli atuou em hotelaria. Ambos viam uma lacuna de moradia estudantil profissionalizada no país, mesmo tendo uma grande população estudantil: existem cerca de 8 milhões de alunos no ensino superior brasileiro.

Jovens de graduação e pós-graduação compartilham espaços para cozinhar, estudar e assistir à televisão. Depois, voltam a quartos monoambientes com banheiros. Essa “república do século 21” ganha em conveniência e gestão. É preciso ter comprovante de matrícula ou passar por uma avaliação pela Uliving antes de acessar os quartos, que já incluem água, energia e gás no valor fixo. Funcionários dos prédios estão disponíveis tanto para segurança quanto para dar conselhos sobre qual região frequentar, a quais estabelecimentos ir e inclusive fazer companhia aos alunos. As unidades da Uliving também recebem eventos de faculdades e de companhias sobre práticas de estudo e do mercado.

Os aluguéis mensais vão de R$ 1.000 a R$ 3.100, dependendo da região. A Uliving tem hoje cinco edifícios em operação. São mil camas nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Projeto do Uliving Paulista (Foto: Uliving/Divulgação)

Projeto do Uliving Paulista (Foto: Uliving/Divulgação)

Adaptação à pandemia
A taxa de ocupação estava em 80%, mas caiu com a pandemia.
Universidades fechadas implicaram a volta dos estudantes à terra natal. Alguns preveem uma longa estadia e cancelaram seus contratos de aluguel -- a taxa de ocupação caiu 15% no momento mais crítico da pandemia.

A Uliving teve de buscar novos tipos de moradores. Além dos estudantes, abriu seus apartamentos a jovens profissionais interessados no movimento de coliving. A idade média dos estudantes moradores é de 22 anos, enquanto a dos jovens profissionais fica em 28 anos.

Além do novo perfil, a Uliving também adaptou seus prédios ao distanciamento social. Todos os eventos nos edifícios foram suspensos. As áreas comuns ainda existem, mas foram criadas mais salas privativas e cabines para videoconferências.

A recuperação dos negócios foi vista principalmente a partir de agosto. "Estamos em 70%, uma taxa de ocupação próxima da que víamos antes da pandemia", diz Antunes. A expectativa é chegar aos 80% no final de outubro.

Novos investimentos
A Uliving continua investido em novos edifícios, apostando na permanência do modelo de coliving. "A tendência de procurar uma moradia maior vem de um público mais maduro. Os jovens ainda procuram espaços acessíveis em preço e mobilidade, somados a áreas de convivência", diz Antunes.

A startup de moradia compartilhada captou R$ 150 milhões com investidores para três novos edifícios. No final deste ano, um prédio será inaugurado perto da Avenida Paulista (340 camas). Em 2021, será a vez dos edifícios no bairro paulistano de Pinheiros (230 camas) e em Santos (220 camas). A Uliving também pretende abrir prédios fora do eixo Rio-São Paulo.