Dia da Independência da Argentina, aniversário do Jack White (dos White Stripes), Dia Internacional Pelo Desarmamento… O dia 9 de julho é uma data muito importante em muitos lugares, incluindo no Brasil. Afinal, a data também é conhecida como Dia da Revolução Constitucionalista de 1932.
Até 1930, o Brasil viveu em um período conhecido como “República Velha”. Esse modelo político garantia a eleição de um candidato em comum entre as oligarquias de diversos estados “irmãos”. No ano de 1930, São Paulo rompeu sua longa parceria com Minas Gerais e indicou um candidato próprio, o famoso Júlio Prestes (tem viaduto, estação de trem e praça com nome do advogado pela cidade).
Júlio Prestes foi eleito em 1930, mas em outubro deste ano uma revolta liderada pelos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul culminou na deposição do então presidente Washington Luís e no impedimento da posse de Júlio Prestes. Getúlio Vargas assume a posição de Chefe do Governo Provisório, mas a história se desdobra de outra forma.
O novo governo passa a exercer seu poder pautados nos decretos, que tinham força de lei, e não mais em uma constituição – no caso, a Constituição vigente até então, que era a de 1891. Mas isso foi dando cada vez mais e mais poderes ao novo Chefe de Estado, até que em 1932, o estado de São Paulo, alinhado com os estados do Mato Grosso e Rio Grande do Sul, eclodiu uma grande revolta armada nestes estados.
A Revolução Constitucionalista de 1932 tinha, entre outras exigências ao governo federal, a redação de uma nova Constituição e a deposição de Getúlio Vargas do poder. A revolta, que se iniciou de forma pacífica através de atos e protestos em 23 de maio de 1932, resultou numa luta armada, que teve início no fatídico 9 de julho.
Campanha chamava população a se voluntariar — Foto: Divulgação/ MMDC Itapetininga
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A luta foi intensa e resultou em mais de 900 mortes registradas oficialmente. Estudos dizem, entretanto, que esse número é muito maior. Em outubro de 1932, os revolucionários paulistas renderam-se, já que tinham esgotado seus recursos (humanos e financeiros). Um dos episódios mais tristes envolvendo a Revolução envolve uma pessoa muito famosa na nossa história: Santos Dumont.
Dumont, o inventor do avião, resolveu voltar ao Brasil em 1915. Morador do litoral paulista na década, soube do uso de sua invenção nas lutas que ocorriam por todo o estado. Os aviões foram usados em alguns bombardeios durante os conflitos, e Santos sempre foi contra o uso dos aviões em conflitos armados. Já abatido com depressão, dizem que a notícia dos bombardeios ao Campo de Marte, em São Paulo, o entristeceram. Dumont se suicidou em 23 de julho de 1932.
Ainda que derrotados, o Estado de São Paulo conseguiu que um dos seus pedidos fossem atendidos. Em 1933, Getúlio Vargas convocou uma nova Assembléia Constituinte, responsável pela criação de uma nova Constituição. Um ano depois, o Brasil pautava seu Estado na Constituição de 1934, que durou apenas 3 anos. Vargas, que tinha sido reeleito em 1933 através de uma eleição indireta, deu mais um golpe de estado e a partir de 1938 o Brasil passou a viver o chamado “Estado Novo”. Mas essa história fica pra outro post, haha.
Mas afinal, o que a Revolução Constitucionalista tanto significa para o Estado de São Paulo?
Além de ter sido um momento muito importante na história do Brasil todo, o evento mostrou a insatisfação do Estado com o governo federal. Muito se falou na época que a revolta paulista era, também, uma forma do estado conseguir sua independência e fundar um novo país.
De todo modo, a Revolução mostrou o poder que a população tem para exigir alguns direitos. Por toda a cidade e estado de São Paulo, existem diversos monumentos, ruas e praças.
Por exemplo, embaixo do Obelisco do Ibirapuera, nas imediações do Parque do Ibirapuera, estão os restos mortais de alguns dos mortos na Revolução. A Avenida 9 de Julho, uma das mais importantes da capital, foi batizada em homenagem à data. E a própria Estação Júlio Prestes, pertinho da Uliving 433, recebeu esse nome em 1938 em homenagem ao presidente impedido de exercer sua função.
E aí, você sabia disso tudo?